sábado, 16 de fevereiro de 2013

Entrevista com Daniel da Ugly Boys

De volta a ativa com as entrevistas do Blog Tosco Todo, depois de um intervalo por causa da Turnê Nordeste. A entrevista de hoje é com o Daniel Farias da banda Ugly Boys, de Pernambuco. Além de músico, o cara trabalha com estúdio de gravação...mas vamos ao que interessa:
Daniel Farias - Ugly Boys
1-Primeiramente de onde veio o nome Ugly Boys, e por que em inglês?
Daniel - Geydson seria a pessoa mais indicada para responder, mais pelo que sei, foi a necessidade de escolher um nome para uma apresentação em uma festa escolar, não lembro qual era o nome que foi escolhido, mais lembro que foi algo com Boys no final, e no cartaz a rapaziada da produção acabou escrevendo errado, depois os componentes chegaram ao consenso e a escolha pelo inglês deve ter sido pela forte influência da época, na qual os caras da banda ouviam incansavelmente Sex Pistols, Dead Kennedys e os Ramones.
Geydson é o dono da voz do Ugly Boys.
2-A Ugly Boys foi formada em 1998, de lá para cá a banda mantém a mesma formação?
Daniel - Não, tivemos algumas mudanças de formação, na primeira; Geydson (guit. Voz), Neto (Bateria), Honório (Guit. Vocal) e Alex (Baixo) deram inicio as atividades da banda com a saída de Alex, Honório fica no Baixo em 99 fui convidado para tocar a segunda guitarra, em 2000 Honório deixa a banda e Soneca (meu irmão) assume o baixo. formação que durou até 2010, no lugar de Neto, convidamos Diego (também meu irmão) para integrar a banda e está é a formação que está até hoje. 
GEYDSON - GUITARRA E VOZ, DANIEL - GUITARRA E VOCAL, SONECA - BAIXO E VOCAL E DIEGO-BATERIA.
Ugly Boys 2013: Diego, Daniel, Geydson e Soneca.
3-Quais as principais influências e o que vocês andam escutando de novo?
Daniel - Desde o inicio a banda tem como proposta explorar o som punk-rock, e vertentes ligadas a contra-cultura, claro que sempre o som de bandas clássicas do punk-rock esteve influenciando esta proposta, e muita coisa dos anos 70 nos inspira até os dias de hoje. Como citei acima Ramones, Sex Pistols, The Clash, Misfits, Dead Kennedys... e bandas como o Bad Religion e Rancid, tem grande relevância as tratando como nossa influência, não posso esquecer também, bandas nacionais como Garotos Podres, Inocentes e Devotos do Ódio que foram muito importantes (nossa escola).
Hoje a banda está na fase em que cada um escuta coisas diferentes e isso é legal, contribui com a sonoridade, que está mais madura e com diversas influências, eu estou sempre acompanhando novidades sobre as bandas clássicas que citei acima, porém, prefiro indicar coisas que ouço e que não é tão nova... as nacionais; Piazitos Muertos, EDMI, Rejects Sa, Blind Pigs, Flanders 72, Subversivos, Nark e Holly Tree... duas gringas Street Dogs e The Strummers. acho que sou um pouco limitado para ouvir coisa nova! vez ou outra acho uma coisa legal, nem sempre nada que me faça tirar estas que citei do meu play list.
Soneca no Baixo.
4-Como foi o processo de gravação da primeira demo "The Radio" e quando foi lançado?
Daniel - Éramos muito verdes (novos) , não tínhamos experiência em gravações e Geydson só pode estar presente na etapa da gravação das guitarras e voz, gravamos o instrumental com o andamento muito acelerado e posteriormente tivemos problemas para encaixar os outros instrumentos naquela execução tão rápida. rsrsrsr... no meio do processo surgiram mais 2 musicas (O diário e a vida e Make to Happen) que resolvemos grava-las, gravamos a parte instrumental ao vivo e foi o que faltava para sairmos satisfeitos com nosso primeiro demo, lá mesmo comecei a me inteirar sobre gravação e Jr. Viana técnico responsável do estúdio Engenho do Som me passou algumas dicas que nos ajudou muito, passamos a reproduzir o material desde a arte da capa, as camisetas em serigrafia e cópias dos CD's, com a idéia DIY (faça você mesmo) estávamos nos apropriando de conhecimentos que dariam rumo as nossas vidas, interferindo nas nossas atividades profissionais nos dias atuais, hoje não sou muito satisfeito com o resultado sonoro do demo, mais no geral acho que ele foi responsável pela nossa persistência e vontade de continuar por todos esses anos, pra mim o lançamento de The Radio em 2000 foi uma conquista da época e que marca nossa trajetória, fez com que o Ugly Boys tocasse e provocou a banda para evoluir.
BAIXAR o CD The Radio-lançado em 2000.
5-Em 2002 a banda participou de um programa de TV. Pra vocês, qual a importância de ocupar os espaços da mídia para propagar as idéias da banda? Não foram taxados de traidores do movimento por isso não, né?
Daniel - A musica The Radio que dá título a primeira demo, é uma crítica as Rádios e suas de programações, que tanto na Tevê como no Rádio e outros meios de comunicação nos bombardeia de notícias e conteúdo de baixa qualidade, e que é voltado apenas para o consumo, nunca fomos a favor do consumo e da alienação proposta por estes meios de maça, e acho que não vinha ao caso ligar nossa apresentação a programas deste tipo. nossa primeira apresentação na Tevê foi muito positiva porém, o programa tinha uma proposta meio estranha, era uma coisa tosca que se construía através da loucura da apresentadora, e que foi muito gente fina em nos convidar, e nos proporcionar esta experiência, dividimos palco com a banda Armas da Verdade, podemos ter o primeira oportunidade na televisão local, na época em que a internet não era acessível, podendo chegar em locais onde antes nunca tínhamos ido. e o lance de ser traidor ou não nunca me comoveu, em Recife já existiu pessoas com ideais punks de cabeça dura! mais nunca fui abordado ou questionado sobre essa apresentação ou qualquer outra!
Diego é o dono das baquetas da Ugly Boys.
6-A Ugly Boys fez parte da criação do projeto "Farinha do Rock".O que esse trabalho gerou para a cena local?
Daniel - O Farinha do Rock foi algo muito importante em nossa trajetória, foi responsável pela união entre as bandas da região, a movimentação atraía bandas e publico de outros bairros, vi muitas bandas surgirem e estrearem lá, como também vi bandas com uma certa bagagem tocar e fazer o local ficar cada vez mais valorizado por que produzia e pelo público.
Ugly Boys no Farinha do Rock
7-A Segunda demo "Marcado para morrer" veio depois da movimentação do "Farinha do Rock", não foi?
Daniel - Sim, Foi um momento em que estávamos ouvindo muito hardcore e sons rápidos, e isso influenciou no resultado da demo, foi um material que não fizemos muitas cópias e considero raro.

8-Em seguida a banda consegue finalmente lançar seu primeiro CD, chamado Simplesmente de "Ugly Boys". Como foi a produção e a repercussão desse material?
Daniel - A produção da demo foi toda nossa (DIY), nós mesmo gravamos e mixamos, foi o nosso material que mais foi replicado, e também nosso primeiro material completo disponível na internet, gravamos um clipe com uma das musicas e é onde tem uma grande parte das musicas que tocamos nos show's, acredito que foi bem aceito e é o material mais próximo do som que produzimos atualmente.
Ouça AQUI o CD "Ugly Boys" de 2002
9-Quais os próximos projetos da Ugly Boys? Vem trampo novo em 2013?
Daniel - Em conclusão um disco split com a Nark, estamos concentrados em compor novas musicas que não sabemos se será lançada ainda este ano.
Daniel na guitarra da Ugly Boys.
10-Hoje você tem um estudio e trampa com isso. Quando foi que começou a curiosidade com a parte técnica de gravação?
Daniel - Eu não tenho um estúdio, mais trabalho com isso sim, deixa eu explicar. Tenho alguns equipamentos de gravação que funcionam como uma unidade móvel de gravação, me disponho a ir gravar as bandas onde elas estão, esta maneira de produzir é pouco comum, mais posso oferecer algo diferente, a escolha de timbres, equipamentos, tudo depende do orçamento da banda. Se a banda tem uma bateria em casa ou em um estúdio de ensaio e quer gravar, eu vou até lá e avalio a condição, ou se a banda quer gravar com um instrumento especifico que só encontramos em estúdios mais caros, vamos lá e eu faço, tentando sempre garantir uma boa captação dos instrumentos até chegar na mixagem, que por fim esta etapa faço em minha casa. E isso tudo começou na minha infância gravando fitas K7 para amigos, posteriormente com o primeiro contato com gravação de musica com a minha banda, na gravação da demo The Radio. Certa vez participei de uma gravação em que o técnico responsável simplesmente nunca tinha ouvido nada de hardcore-punk e ele reclamava muito das distorções e de como o vocalista cantava e o resultado no final foi horrível, resumindo… fiquei frustrado e acho que isso só me deu força e vontade de me profissionalizar e que por coincidência quando chegou a hora de trabalhar por sorte acabei indo trabalhar em uma empresa de sonorização, logo em seguida fiz um curso na área de áudio profissional onde aprendi conceitos básicos e que posteriormente fui procurar uma graduação na área de produção fonográfica.
Um Merchan do Daniel aqui no Tosco Todo...eheheheh
11-Antes de começar a trabalhar com estudio, você já percebia que existia um "mercado underground", vamos dizer assim. Mas o que as pessoas achavam sobre você focar seu trabalho nessa linha musical? Já te chamaram de louco alguma vez?
Daniel - Sim, acho que este mercado existe e tem um grande potencial não só com gravação mais com outros trabalhos ligados a musica independente, a profissionalização no underground é difícil e pode não ser bem aceito pela maioria, mas acho que todo trabalho deve ser encarado com compromisso, tanto pelo beneficiado como por quem executa, não sou a favor de lucros absurdos mais é impossível fazer filantropia pela ideologia! ninguém paga suas contas nem compra sua comida por ela. hoje o trampo com gravação não é minha atividade financeira principal, claro que gostaria que fosse, como também a de tocar punk rock porém sei que essa é bem mais difícil…
Nunca fui chamado de louco, e sempre que falo que faço trabalho nesta linha sempre causa um espanto, mais como também trabalho com outras expressões musicais nunca fui questionado, tenho a sorte de trabalhar com musicas de vários estilos e o melhor é, não trabalho com musica comercial, claro que já fiz alguns trampos, mais essa é minha maior alegria.
Ugly Boys em ação!!!
12-Eu já disse isso e repito aqui, Recife tem uma cena gigantesca de boas bandas de punk hardcore. O que você vê de diferente na cidade que influencie nessa cena local? E quais bandas já passaram por aí e quais estão nesse momento gravando com você?
Daniel - No começo achava que por Recife historicamente ter algumas bandas com boa circulação, isso desse um gás para novas bandas e tal, depois de um tempo percebo que não, as vezes acho que até bandas novas são esse gás para as antigas… e talvez a localização da cidade no mapa, contribui como ponto estratégico de parada das turnês das bandas que circulam pelo nordeste, e o contato com coisas novas acaba influenciando na musicalidade das bandas da cena local.
Caramba muita coisa boa já passou por aqui… irei listar algumas mais é imposível de cabeça lembrar de todas, mais ai vai; Marky Ramone & The Intruders ,CJ Ramone, Misfits, Zumbís do Espaço, Lagwagon, Holly Tree, Gritando HC, Cólera, Ratos de Porão, Invasores de Cérebros  Lobotomia, Discarga, Plastic Fire, Dead Fish, Zander, Mukeka di Rato, Blind Pigs, Garotos Podres, Jason, Carbona, Motörhead a velho não lembro mais, tenho certeza que esqueci de alguma!
Das que estão gravando comigo acabei de finalizar o trampo da Molder banda teoricamente nova que me surpreendeu galera gente fina! tem a Nark com trampo novo e o Campo Minado que estou curtindo muito fazer essa gravação.
Video do Aniversário de 15 anos da Ugly Boys em Recife.
http://search.4shared.com/postDownload/Pd_8cgEF/Ugly_Boys_-_The_Radio.html
Espero ter contribuído com o Blog e qualquer coisa entrem em contato! Abraço.


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